Suzano sedia reunião para discutir estratégia cultural
1977. Foi nesse ano que o secretário de Cultura da Prefeitura de Suzano, Suami Paula de Azevedo, retornou da França. Foi contando sua trajetória de estudos na Sorbone, hoje Universidade de Paris, que Azevedo iniciou a primeira reunião de “Políticas Públicas de Cultura”, realizada nesta sexta-feira (25), no Centro Cultural Carlos Francisco Moriconi, pela manhã. A ação contou com a participação de outros secretários da região.
O secretário falou durante o encontro de sua trajetória por um motivo muito simples: quando ele voltou da França em 1977 assumiu o cargo de chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura de Suzano, naquele ano um setor ligado à Secretaria de Educação.
Disse que procurou implantar em Suzano o que aprendeu na então Sorbone, onde fez mestrado e doutorado na área de educação. “Na França só assume cargo na área da Cultura quem tem formação para o exercício do cargo; tem de saber sobre gestão cultural, conhecer bem a história da cidade, e da arte em todas as suas modalidades, expressões e épocas. Isso porque a Cultura é vista na França como um produto não apenas cultural, mas de conscientização, formação intelectual e mesmo turístico, que é explorado comercialmente”, disse Azevedo.
Embora tenha gostado da experiência de discutir política cultural em todo o Estado, assim que voltou ao Brasil, a convite do então secretário estadual da Cultura de São Paulo, na época, Max Feffer, Azevedo se disse frustrado, “porque tudo ficou no discurso, já que os governantes não se importam muito com a Cultura, relegando-a a um plano secundário”.
Agora Azevedo tem uma ideia diferente: que “a cultura deve ser pensada como uma ação permanente, e de Estado, nunca de governo”. Por quê? “Porque quando se pensa em cultura do ponto de vista do governo, tudo termina quando acaba o mandato do governante; já a cultura pensada do ponto de vista do Estado, esta é permanente, tem continuidade nos governos seguintes”.
Segundo entende o secretário de Cultura de Suzano, “sem planejamento, sem diretrizes e metas, objetivos, formação de gestores, também de público e, principalmente, sem vontade de fazer, sem nada disso, tudo fica solto no ar, e a gente acaba fazendo apenas festinhas”. Azevedo disse que “não se pode fazer cultura apenas por fazer cultura, essa coisa de eventos, mas é preciso pensar a cultura do ponto de vista de enriquecimento intelectual das pessoas, da formação de uma comunidade, porque, se não for assim, quando termina o mandato de um prefeito, governador ou presidente, o que fica?”.
Terminada a sua fala, longa, mas que prendeu a atenção dos secretários presentes, Azevedo perguntou: “Podemos nos dar as mãos para pensar, juntos, sobre uma política cultural para a nossa região”. Todos responderam positivamente e, assim que abriu a palavra, o secretário de Cultura de Mogi, Matheus Sartori disse que já vem fazendo isso em sua cidade, e que acha “necessária, sim, construir uma política cultural de fortalecimento de uma ação que não se modifique com a troca de governo”. E acrescentou, preocupado com o fator tempo: “É preciso levar em consideração, no entanto, que isso é um trabalho de longo prazo”.
Sartori falou sobre a alienação do público, e dos próprios gestores de cultura, também da persistência da mídia a respeito da indústria cultural, que atende à questão mercadológica. Por sua vez, a assessora de Cultura de Ferraz de Vasconcelos, Daniele Vital, disse que em sua cidade “tudo está por fazer, ainda”. E em Arujá não é diferente, admitiu a secretária de Cultura daquela cidade, Bernardete Lucena, apontando como grande problema o desnível social da população. “É uma cidade onde grande parte da população mora em condomínios, mas onde, também, em um só bairro, Barretos, concentram-se mais de 23 mil habitantes”. E isso, segundo Bernardete, exige uma estratégia política para a cultura, como propõe Suami.
Poá, afirma o secretário de Cultura Douglas Aspásio, vai participar dos encontros sugeridos por Azevedo porque é seu objetivo desenvolver uma estrutura política para a cultura da cidade que seja permanente e que inclua todas as classes sociais de forma a beneficiar as áreas da arte e do conhecimento.
No final da reunião, Sartori propôs - e os demais secretários concordaram – que Mogi das Cruzes seja a sede da próxima reunião. A data foi definida: 22 de março. Ele ficou de decidir o local e horário.
Secretaria de Comunicação Institucional (SECOI)
Nenhum comentário:
Postar um comentário