Lutas trabalhistas
*Por Jeruza Lisboa Pacheco Reis
Comemorar o dia 1º de maio, Dia do Trabalho, nos remete a reflexão bastante complexa, principalmente no âmbito das influências, nas lutas dos trabalhadores, do “getulismo”. Essa expressão traduzia o processo pelo qual os assalariados tiveram acesso à legislação trabalhista, social e previdenciária, ou seja, a forma pela qual os assalariados alcançaram a sua cidadania social, à época.
É inegável que Getúlio Vargas (PTB), foi o primeiro Presidente a reconhecer que o operário não formava uma classe de gente desprezível, perigosa ou ignorante, lutando pelos seus direitos, mesmo que isso trouxesse conflitos com o próprio governo e com os patrões.
Os trabalhadores reconheciam Vargas como pioneiro e ajudador, mas também se organizavam em suas lutas peculiares (em 1954, em São Paulo convocaram trabalhadores com a seguinte palavra de ordem: “Trabalhador não vota em tubarão. Trabalhador vota em trabalhador”).
Em 1952, Vargas tirou uma foto histórica, com as mãos sujas de petróleo, cumprimentando um petroleiro. Em outubro de 1953, foi aprovada a lei de criação da Companhia de Petróleo Brasileira (a Petrobrás), o que desagradou bastante os Estados Unidos e seus interesses (empresas multinacionais como Esso, Shell, Texaco, que queriam explorar o petróleo brasileiro).
Vejam que ironia do destino, nessa época, o maior inimigo de Vargas era Carlos Lacerda, dono do jornal A Tribuna da Imprensa, chegou a ser apelidado de “O Corvo”.
Hoje, no entanto, o PTB conta com Lacerda (Israel Lacerda, de Suzano) como seu representante na região do Alto Tietê, defensor ferrenho do PTB.
Voltando ao getulismo, as forças ocultas pressionavam Vargas, mas ele afirmava “Só saio morto do Catete” (palácio presidencial no Rio de Janeiro, hoje museu).
Na manhã de 24 de agosto de 1954, foi dada a notícia: “O Presidente Vargas suicidou-se com um tiro no coração”. Em todo país houve profunda comoção. E, sua carta-testamento demonstrava a pressão sofrida, a coragem dos atos e a saída da vida para a entrada na História.
E hoje, como esquecer esse notável brasileiro e suas lutas trabalhistas?
* Jeruza Lisboa Pacheco Reis é advogada e professora, mestre em Filosofia, vereadora pelo PTB em Poá, presidente honorária da legenda na cidade e autora do livro "Rosa-Choque - Histórias de uma mulher que escolheu resistir, persistir e insistir".
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