quinta-feira, 23 de julho de 2015

Artigo: Corrida Eleitoral no País das Maravilhas

Corrida Eleitoral no País das Maravilhas
 * Jeruza Lisboa Pacheco Reis

Segundo Lewis Carrol, o país das Maravilhas é governado por Vossas Graciosas Majestades, o Rei de Copas e a Rainha de Copas (eles exigem total obediência o tempo todo). Um conselho recomendável a quem vai ao país das Maravilhas é ter cautela com o que diz, pois a Rainha é um pouco irritadiça.

Outras pessoas distintas que você pode encontrar na Corte Real são os Reis e as rainhas de Espada, Paus e Ouro, convidados da Rainha de Copas. Ademais, você pode  encontrar pessoas importantes que, curiosamente, se  parecem com o número das cartas de um baralho. Quanto à segurança? Isso depende muito de quanto tempo você passa com Sua Majestade. A comida?  Sempre haverá fantásticas xícaras de chá e fatias de bolo e pão com manteiga, banana sempre. Mas, lembro que para isso tem de ter disposição para conversa confusa e, às vezes rude. Importante cuidar da saúde, pois de tempos em tempos serão oferecidas garrafas com os dizeres: "Beba-me!”, e caixas com bolos, com os dizeres: "Coma-me!", recomenda-se extremo cuidado.

As escolas no País das Maravilhas exige inscrição prévia e, às matérias lecionadas são: Giramática e Rodação, Aritmética: Ambição, Distração, Enfeiação e Derrisão; Escória (antiga e moderna); artes: Desdenhar e Fintar sobre velas.

A melhor forma de se secar de um banho no Mar de Lágrimas de Alice é participar de uma Corrida Eleitoral. O que é? Ora, basta participar, ir até a pista de corrida (uma espécie de círculo), onde todos os participantes são colocados. Os competidores podem começar a correr quando quiserem, e da forma como quiserem, distribuindo balas, flores ou até fumaça do narguilé da lagarta maluca, bolos e chás então, mofarem a festa, bananas e malabares enfeitam a cena, quando alguém grita: A corrida acabou!

E quem ganhou afinal? Ninguém quer ser ganhador. Sabe por quê? Porque quem ganha tem que distribuir os prêmios. E todos os participantes gritam: Prêmios! Prêmios! Haja doces para distribuição!

Mas quem não participou, nem ganhou, não deve  ficar triste, pois resta ainda o Chá do Chapeleiro Maluco, que tem uma mesa pronta toda hora (para ele toda hora é hora do Chá), você pode entrar e sentar-se em qualquer lugar, há sempre lugares, junto com os chás muitos ratos dormidongos (dormem à mesa), o papo é sempre esquisito, e alguns derrubam leite em seu prato. Mas não adianta chorar o leite derramado e, na manteiga tem a função de lubrificar as engrenagens, para, óbvio, participar mais ativamente da Corrida Eleitoral!

Enfim, é importante ter em mente que, uma viagem ao País das Maravilhas pode acostumá-los com acontecimentos surpreendentes, quando você voltar para sua casa pode parecer bastante tedioso e tolo viver de forma normal, mas se pensar que tudo não passa da grande ilusão de um sonho, talvez, sinta-se aliviado por voltar ao mundo  real, pois quaisquer semelhanças são mera coincidência... Será?!
 
  Jeruza Lisboa Pacheco Reis é advogada e professora, mestre em Filosofia, vereadora em Poá, autora do livro “Rosa-Choque – Histórias de uma mulher que escolheu resistir, persistir e insistir” e do livro Poá: De Província à Estância Hidromineral.

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